quinta-feira, 29 de maio de 2025

Lição 08: Uma lição de humildade | 2° Trimestre de 2025-Prof. André Bernardo.

Classe: Adultos

Revista, 2° Trimestre De 2025

TEMA: E o Verbo se Fez Carne – Jesus sob o Olhar do Apóstolo do Amor 

Comentarista: Elienai Cabral


Palavra-Chave: Humildade


A palavra humildade, tem uma origem rica e interessante, ligada à própria terra. Sua etimologia remonta ao latim "Humilitas" que significa qualidade de ser humilde ou modéstia.

A humildade nos leva a uma compreensão que vai além da simples modéstia, abraçando a ideia de conexão com a realidade, receptividade ao aprendizado e reconhecimento da nossa origem comum.


TEXTO ÁUREO

“Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (Jo 13.15)


VERDADE PRÁTICA

A submissão e o serviço são características de maturidade e grandeza no percurso do crescimento espiritual do cristão.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

João 13.1-10
1- Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.
2- E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que O traísse,
3- Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia para Deus,
4- levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se.
5- Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxuga-los com a toalha com que estava cingido.
6- Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?
7- Respondeu Jesus e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois.
8- Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.
9- Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
10- Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.


INTRODUÇÃO

Nesta lição, iremos analisar a narrativa do capítulo 13 do Evangelho de João. Este episódio bíblico retrata o ato de Jesus conhecido como “Lava-Pés”, onde Ele ensina, através do seu a relevância da humildade para aqueles que o seguem. Este capítulo oferece-nos uma valiosa lição sobre a humildade na vida cristã. A partir do exemplo de Jesus, somos convidados a servir o próximo de forma humilde.


Objetivos da Lição:
I) Abordar o exemplo prático e histórico de humildade dado por Cristo;
II) Correlacionar a humildade com o autoconhecimento;
III) Promover contraste entre humildade e ostentação.


I- UMA HISTÓRIA REAL SOBRE A HUMILDADE

1- O lava-pés. 

Nesta passagem do Evangelho segundo João, Jesus utilizou o exemplo de um servo da casa para transmitir uma lição sobre a humildade dentro do Reino de Deus.


  • Contexto Pascal e Ato Profético: Situado imediatamente antes da Páscoa (João 13.1), o ato de Jesus ganha ressonância, prenunciando a libertação do pecado através de seu sacrifício. A Última Ceia, transcende a celebração judaica, tornando-se a instituição da Santa Ceia, um memorial da redenção.

  • Quebra de Paradigmas: Jesus, o Mestre e Senhor, assume o papel de um servo. Essa ação deliberada desafia as noções de poder e status dentro do Reino de Deus, onde a grandeza é medida pelo serviço.

  • Humildade, Fundamento do Reino: Ao lavar os pés dos discípulos, uma tarefa considerada servil, Jesus não apenas demonstra humildade, mas a estabelece como uma virtude essencial para seus seguidores. É uma disposição ativa de servir e colocar as necessidades dos outros acima das próprias.

  • Lição para a Igreja Vindoura: A humildade, manifesta no serviço mútuo e na abnegação, torna-se um motor para o crescimento do Reino de Deus no mundo.

  • Significado Sacramental: A ação de lavar os pés, pode ser interpretada como um símbolo da purificação e do serviço que os crentes devem oferecer uns aos outros, refletindo o amor sacrificial de Cristo.

2- O desenvolvimento da história. 

No capítulo 13, o Mestre tomou uma bacia com água e uma toalha, levantou as pontas das suas vestes e atou-as à cintura.


  • Humilhação Divina: O ato de Jesus de cingir-se e lavar os pés dos discípulos demonstra uma profunda humildade. O Mestre, sendo Deus encarnado, assume o papel de um servo.

  • Quebra de Expectativas Culturais: Na cultura da época, lavar os pés era uma tarefa reservada aos servos mais humildes. Jesus ensina sobre a importância de servir uns aos outros, independentemente de posição ou status.

  • Símbolo de Purificação e Serviço: O "Lava-Pés" transcende um mero ato de higiene. Teologicamente, simboliza a purificação do pecado e a necessidade contínua de sermos "lavados" pela graça de Deus.

  • Lição de Liderança Servidora: A atitude de Jesus serve como um modelo de liderança radicalmente diferente. Em vez de buscar poder e exaltação, o verdadeiro líder, à semelhança de Cristo, se dispõe a servir e cuidar das necessidades dos outros.

  • Contexto da Última Ceia: O fato de não haver um servo disponível na casa onde a Ceia seria realizada. Ele toma a iniciativa de realizar o serviço, demonstrando proatividade e amor prático pelos seus seguidores.

3- A mudança de paradigma. 

O ensino de Jesus através do Lava-Pés é o caminho trilhado com humildade para o Reino de Deus (Jo 13.2,4).


  • Novo Ensino: Após a celebração da Ceia, um evento tradicional e único, Jesus surpreende seus discípulos com um novo método de ensino: o Lava-Pés.

  • Grandeza Espiritual: O ato de lavar os pés revela que a humildade constitui a autêntica grandeza espiritual para aqueles que seguem o Evangelho.

  • Um Gesto Simples com Significado Profundo: Jesus utiliza uma prática comum para ilustrar a importância e a aplicação da humildade na vida dos seus seguidores.

  • Prática de Valores: O texto enfatiza que a efetividade do Cristianismo e a concretização do propósito do Reino dependem da prática dos valores ensinados por Jesus.

  • O Exemplo Divino: O próprio Jesus, manso e humilde de coração (Mateus 11:29), oferece o exemplo supremo dessa virtude.

II- HUMILDADE IMPLICA AUTOCONHECIMENTO

1- Conhecendo a própria natureza. 

Jesus tinha plena consciência de quem era, entendia o seu papel e a sua relevância como Senhor e Mestre: “Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia para Deus” (Jo 13.3).

  • Inversão Deliberada de Papéis: Mesmo ciente de sua posição de Senhor, Jesus voluntariamente assume a postura de servo. Esse ato não foi uma abdicação de sua divindade, mas uma demonstração prática e pedagógica da importância da humildade para seus discípulos.

  • A Dificuldade Humana com a Submissão: O texto reconhece a natureza humana corrompida pelo pecado, que dificulta a submissão e a humildade. A tendência natural é buscar superioridade em vez de servir.

  • Jesus, Modelo e Mandamento: A ação de Jesus ("Eu vos dei o exemplo" - Jo 13.15) não é apenas uma ilustração, mas um mandamento implícito para que seus seguidores cultivem a humildade em suas relações. Ele se torna o padrão na busca por uma vida cristã autêntica

2- O exemplo deixado por Jesus. 

Pense no Verbo Divino, repleto de glória e poder, que abdica da sua majestade para vivenciar a experiência humana.


Considerando o Verbo Divino e a Teologia da Encarnação podemos analisar que:

  • A Majestade que se Humilha: O Verbo Divino, pleno de glória e poder, voluntariamente renunciou à sua majestade celestial para experimentar plenamente a condição humana.

  • A Obediência: A motivação central de Jesus, enquanto Verbo encarnado, era a obediência à vontade do Pai, conforme expresso em João 5:30.

  • União, entre o Divino e a Humanidade: Através da encarnação, o Verbo Divino se fez carne, unindo-se intrinsecamente à nossa humanidade.

O Lava-pés à Luz da Encarnação:

  • Implicação para o Serviço: O exemplo do lava-pés, considerando a identidade de quem o praticou, Jesus, deveria tornar o serviço ao próximo e a submissão à liderança fraterna em atitudes mais acessíveis.

  • Desvio da Vontade Própria: A encarnação nos convida a desviar nossa própria vontade em favor da vontade divina, seguindo o exemplo de Cristo.

O Desafio da Natureza Pecaminosa e o Apelo Paulino:

  • Resistência resultante do nosso estado: A nossa natureza pecaminosa inerente dificulta a prática genuína do serviço e o cultivo da humildade.

  • Exortação à Semelhança de Cristo: O apóstolo Paulo, em Filipenses 2:5-6, nos exorta a ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, mesmo sendo Deus, não considerou sua igualdade como algo a ser usurpado. O exemplo de Cristo, serve como modelo para alcançarmos a verdadeira grandeza através do serviço e da humildade.

3- O maior no Reino de Deus. 

O nosso Senhor percebia que existiam momentos em que os seus discípulos se preocupavam com quem seria considerado o maior.


  • A Preocupação Humana: Os discípulos de Jesus demonstravam uma preocupação terrena, refletindo uma busca por reconhecimento e poder (Lc 22.25).

  • Modelo de Humildade Divina: Jesus, apesar de sua natureza divina e igualdade com Deus (Fp 2.6 - implícito em Fp 2.5), não se apegou a essa prerrogativa, mas humilhou-se, oferecendo-se como modelo de serviço.

  • Princípios Invertidos: No Reino de Deus, a lógica do mundo é invertida: a verdadeira grandeza reside em servir, e não ser servido. (Lc 22.26-27).

  • Comunidade da Fé: Após a partida de Jesus, esse princípio deveria moldar as relações dentro da comunidade cristã, onde a busca por servir uns aos outros em humildade seria a marca da verdadeira liderança e membresia.

João 13:7 -  Respondeu Jesus e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois.


III- HUMILDADE X OSTENTAÇÃO

1- Uma competição silenciosa. 

Jesus estava ciente de que, entre os seus discípulos, existia uma competição discreta em busca de proeminência e liderança.

  • Proeminência Futura: A ambição dos discípulos se manifestava em suas especulações sobre a hierarquia dentro do futuro reino de Jesus. Eles ansiavam por posições de destaque ao lado do Mestre.

  • Reprovação a Competitividade: Jesus demonstra claramente que essa mentalidade de rivalidade e busca por superioridade não deve caracterizar seus seguidores. O espírito do mundo, focado em poder e status, é antitético aos valores do Reino de Deus.
    Liderança Servidora: A implicação teológica é que a verdadeira liderança no contexto do seguimento a Jesus se fundamenta no serviço e na humildade, e não na busca por exaltação pessoal. 

2- O caminho humilde de Jesus. 

Através do episódio do lava-pés, nosso Senhor revelou que o caminho dos seus discípulos não se alicerça no sucesso material, na notoriedade ou na ambição, mas sim na capacidade de servir o próximo de maneira humilde.


  • O Caminho do Discípulo: Através do lava-pés, Jesus demonstra que a essência do discipulado reside no serviço humilde ao próximo, em contraste com valores mundanos de sucesso material e ambição.

  • Dinâmica Mundana: A Igreja de Cristo, fundamentada no exemplo do lava-pés, se opõe à ostentação e à presunção, características do sistema do mundo.

  • Marca da Igreja: O serviço amoroso e humilde deve ser um traço distintivo da verdadeira Igreja de Cristo.

  • Valores Mundanos: A prática do serviço, exemplificada por Jesus, implica na ausência de disputas por poder, fama e o abandono da ambição dentro da comunidade cristã.

3- Um convite à humildade. 

A lição do lava-pés é um apelo para vivermos uma existência de humildade diante de Deus em todas as circunstâncias da vida.


  • O Convite de Cristo: A vida e os ensinamentos de Jesus em Mateus 11:29 nos convidam a aprender com Ele sobre a essência da mansidão e da humildade.

Mateus 11:29

²⁹ Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. 


  • Coração Humilde: Jesus nos chama a desenvolver um coração que se afasta das ciladas da ambição, da ostentação e do egoísmo, buscando uma postura interior de modéstia e simplicidade.

  • Convocação de Cristo: Somos convocados a internalizar e praticar os mesmos sentimentos que moldaram a vida e o ministério terreno de Jesus, conforme descrito em Filipenses.

Filipenses 2:5-8.

⁵ De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,

⁶ Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,

⁷ Mas fez a si mesmo de nenhuma reputação, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;

⁸ E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. 


CONCLUSÃO

Nesta lição, abordamos a relevância da virtude da humildade para um melhor autoconhecimento. Deste modo, começamos a perceber os nossos limites e aquilo que nos diz respeito ou não. Compreendemos que a humildade se opõe a uma cultura de ostentação, à busca desenfreada pela fama e a outros objetivos que nada têm a ver com a simplicidade do Evangelho. Dessa forma, podemos seguir o caminho humilde do nosso Senhor.


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