INTRODUÇÃO
O Senhor Jesus não viveu como anacoreta, ou seja, como monge ou eremita em retiro solitariamente, isolado da sociedade, e nem ensinou essa prática aos seus discípulos. Pelo contrário, a narrativa bíblica descreve que Ele teve vida social e religiosa. A presente lição pretende mostrar alguns aspectos da experiência humana de Cristo.
Palavra-Chave: Experiência
A palavra “experiência” pode ter várias definições, dependendo do contexto, vejamos alguns exemplos:
Ato ou efeito de experimentar: Refere-se ao processo de realizar testes ou ensaios para obter conhecimento ou resultados específicos.
Conhecimento obtido por meio dos sentidos: Envolve a percepção direta do mundo ao nosso redor através dos sentidos, como visão, audição, tato, etc.
Conhecimento abrangente adquirido ao longo da vida: Refere-se à sabedoria e entendimento acumulados através das vivências e situações enfrentadas ao longo da vida1.
Conhecimento específico adquirido por aprendizado sistemático: Envolve a perícia ou habilidade desenvolvida através de estudo e prática contínuos em uma área específica.
I – A EXPERIÊNCIA HUMANA NO MINISTÉRIO DE JESUS
1- Os debates com as autoridades religiosas.
Os principais opositores de Jesus foram os fariseus, os saduceus e os herodianos. Esses debates revelam o ensino de Jesus sobre a ética, os princípios morais e as responsabilidades civis que temos.
a) Os fariseus. O nome vem do hebraico prushim que significa “separados”. Defendiam a tradição acima das Escrituras (Mateus 15.3, 6) e a separação do Estado da religião.
Opinião dessa autoridade sobre Jesus: Formaram uma aliança com os saduceus e Herodianos para tentarem matar Jesus. O apóstolo Paulo declara que o grupo dos fariseus, ao qual pertencia antes de sua conversão, era a mais severa seita do judaísmo (Atos 26.5; Gálatas 1.14; Filipenses 3.5).
b) Os saduceus. O nome vem de Zadoque, família que detinha o cargo de Sumo Sacerdote desde Salomão (1 Reis 2.35), uma facção dentro do judaísmo (Atos 5.17). aceitavam apenas os cinco livros de Moisés, o Pentateuco, com certa reserva, pois não acreditavam em anjos, espíritos e nem na ressurreição (Atos 23.8) e rejeitavam os demais livros do Antigo Testamento.
Opinião dessa autoridade sobre Jesus: Eram inimigos mortais de Jesus. Uniram-se aos fariseus, superando todos os obstáculos ideológicos a fim de somar as forças e matar a Jesus.
c) Os herodianos. Eram os apoiadores da dinastia de Herodes, uma espécie de marqueteiros, buscando convencer o povo para impedir um governo direto de Roma. Foram instituídos com interesses nacionalistas e eram a favor dos impostos.
Opinião dessa autoridade sobre Jesus: O discurso de Jesus também os incomodava. Formaram conselho com os fariseus com o propósito de matar Jesus e, assim, livrar-se dEle (Marcos 3.6).
2- A vida social e religiosa de Jesus.
O Mestre participava de uma vida social intensa.
Vejamos os Exemplos:
A escolha dos seus discípulos como Filipe, André, Pedro e Natanael aconteceu num ambiente entre amigos. (João 1.43-46).
Os amigos, vizinhos e parentes.
Como Zacarias e Isabel.
Os “filhos de Zebedeu”, João e Tiago (Mateus 26.37), eram primos de Jesus;
Zebedeu era um pescador da Galiléia (Marcos 1.19, 20) e marido de Salomé (Mateus 27.56; Marcos 15.40), irmã de Maria, mãe de Jesus (João 19.25).
Lucas descreve o desenvolvimento físico e mental de Jesus que crescia em estatura e em sabedoria (Lucas 2.40, 52).
Ele interagia com as pessoas independentemente de sua condição social e espiritual, “publicanos e pecadores” (Mateus 9.10, 11), “fariseus” e “a mulher pecadora” (Lucas 7.37-39) e a mulher samaritana (João 4.9-15).
3- Características próprias do ser humano.
Jesus nasceu de uma mulher, embora gerado pela ação sobrenatural do Espírito Santo. Seu nascimento, contudo, foi normal e comum como o de qualquer bebê.
Lucas 2.6-7.
E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.
E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
O que Jesus enfrentou, estando encarnado?
Ele sofreu, chorou e sentiu angústia (Hebreus 13.12; Lucas 19.41; Mateus 26.37);
Sentiu sono, fome, sede e cansaço (Mateus 8.24; João 4.6; 19.28);
Jesus morreu. A diferença é que, não ficou morto como qualquer pessoa, mas ressuscitou ao terceiro dia, passando pelo ardor da morte (1 Coríntios 15.3-4).
Ainda como homem, Ele dependia tanto da oração como também do Espírito Santo (Lucas 4.1, 14; 5.16; 6.12).
O que Jesus tinha de diferente dos demais?
O Senhor Jesus Cristo, em sua experiência humana, participou de nossa fraqueza física e emocional, mas não de nossa fraqueza moral e espiritual.
Hebreus 4.15.
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
II – HERESIAS QUE NEGAM A HUMANIDADE DE JESUS
1- Apolinarismo.
Apolinário foi bispo de Laodicéia, nasceu provavelmente em 310 d.C. e morreu em 392. O Apolinarismo é a doutrina que nega que Jesus encarnado teve espírito humano.
Em relação a Jesus, dizia que Ele possuía um “sōma humano” e uma “psychē humana”, mas não um “pneuma humano”.
O que significa cada elemento?
Os termos sōma, psychē e pneuma vêm do grego antigo e são usados para descrever diferentes aspectos do ser humano:
Sōma (σῶμα): Refere-se ao corpo físico, a parte material do ser humano.
Psychē (ψυχή): Traduzido como “alma”, é a sede dos desejos, emoções e apetites. Representa a vida interior e emocional.
Pneuma (πνεῦμα): Significa “espírito” ou “sopro”,, refere-se ao espírito racional ou à essência espiritual do ser humano.
Em resumo.
Segundo Apolinário, o Verbo (João 1.1, 14) teria ocupado o lugar da alma na encarnação, com isso negando que Jesus tivesse espírito humano.
2- Reação da igreja.
Vejamos a defesa da igreja contra essa doutrina de Apolinário.
A humanidade plena de Jesus destacada no Novo Testamento. (Lucas 24.36-40; João 2.21; Hebreus 10.10)
A alma e espírito de Jesus, também é destacado no Novo Testamento. (Mateus 26.38; Lucas 23.46)
A humanidade de Jesus é apresentada igual à de qualquer ser humano. (Hebreus 2.14,17).
A diferença entre Jesus e o ser humano é o pecado, Jesus nasceu e morreu sem pecado, sua constituição física e espiritual não possui a essência do pecado. (1 Timóteo 2.5)
Resultado da doutrina inventada por Apolinário.
O Apolinarianismo foi declarado heresia no Concílio da Calcedônia em 451 d.C.
Gálatas 1:8-9
Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.
3- Monotelismo.
É a doutrina cristológica do patriarca Sérgio de Constantinopla, que ensinava haver em Cristo uma só vontade. O termo vem de duas palavras gregas, “monos, único”, e thelēma, “vontade, desejo”.
Em resumo: Essa crença defendia que Jesus Cristo possuía apenas uma vontade, a divina, em oposição à doutrina que afirmava que Ele tinha duas vontades: uma humana e uma divina.
Qual o resultado desta doutrina?
Era uma tentativa de conciliar a teologia monofisita com o Credo de Calcedônia, que reafirmava as duas naturezas intactas, separadas e inconfundíveis em uma só pessoa, em Jesus. O Terceiro Concílio de Constantinopla em 681 considerou o monotelismo heresia.
O que o Concílio Constantinopla em 681 d.C. reconheceu sobre a doutrina da vontade de Cristo?
Foi reconhecido as vontades de Cristo.
Marcos 14.36.
E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres.
Vontade humana em suas ações. Como caminhar, comer, beber, interagir com as pessoas são puramente humanas, produzidas pela natureza humana sob a direção divina.
Ao perdoar pecados, era a manifestação da vontade de Cristo na natureza divina (Lc 5.20-22). Sofrônio, patriarca de Jerusalém, em 633, refutou o monotelismo dizendo que existe em Jesus duas vontades sendo a humana submissa à divina.
III- COMO ESSAS HERESIAS SE APRESENTAM NOS DIAS ATUAIS
1- Quais países Jesus visitou quando esteve entre nós?
Vejamos as evidências descritas no Novo Testamento.
Jesus visitou três países.
Primeiro: Egito. Mateus 2.14-15
E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito.
E esteve lá, até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.
Segundo: Israel. Mateus 2:21.
Então ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel.
Terceiro: Fenícia, atual Líbano. Marcos 7:24
E, levantando-se dali, foi para os termos de Tiro e de Sidom. E, entrando numa casa, não queria que alguém o soubesse, mas não pôde esconder-se;
As Crenças que não são evidenciadas pela bíblia.
O movimento Nova Era ensina que Jesus esteve na Índia.
Os mórmons declaram que Jesus esteve nos Estados Unidos.
Em resumo, o que deve ser visto e devemos ter atenção?
Primeiro: Se a Bíblia não mencionar, devemos rejeitar essas fábulas (1 Timóteo 4.7).
Segundo: O que os Evangelhos mostram é um Jesus que foi conhecido em sua comunidade, não sendo um forasteiro (Mateus 13.55-57; João 7.15, 27, 41, 42).
2- Jesus era visto como alguém da comunidade.
Essa invenção desses esotéricos contraria o relato dos Evangelhos (Lucas 4.22-24 “E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam da sua boca; e diziam: Não é este o filho de José?
E ele lhes disse: Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; faze também aqui na tua pátria tudo que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum.
E disse: Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria.”), onde o Senhor Jesus é apresentado como alguém que era natural na comunidade de seu povo, Israel, e não como um estrangeiro. Sua maneira de viver e o seus ensinos refletem a cultura judaica, e nada há que se pareça com a cultura hindu: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele” (Marcos 6.2,3 “E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?
Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele.”). Ora, tal atitude do povo não se justificaria se Jesus fosse um recém-chegado da Índia.
CONCLUSÃO
É nosso compromisso seguir o exemplo de Jesus no relacionamento com as pessoas. É importante que nunca nos esqueçamos os pontos essenciais da presente lição sobre a verdadeira identidade do Senhor Jesus. Ele é o Deus verdadeiro em toda a sua plenitude igual ao Pai. E como homem, em toda a sua plenitude, viveu e andou entre nós, seres humanos.
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